Já era uma epidemia antes da chegada da Pandemia. Mais de metade da população portuguesa é obesa ou tem excesso de peso. O problema agravou-se com a Covid-19 e nas duas faces da mesma moeda: os confinamentos reforçaram o sedentarismo, ao mesmo tempo que a obesidade favorece casos mais graves de COVID-19.
E antes do coronavírus, a obesidade já era um fator promotor de 200 doenças e de 10 tipos de cancro. Como é que se pode combater esta realidade? Quais as rotinas e alimentação certas para ter mais saúde? Como conseguimos chegar ao “Peso Certo”? Pode assistir ao programa ao clicar aqui
O que é a Obesidade?
A obesidade é uma doença crónica caracterizada pelo excesso de gordura acumulada no organismo. Resulta de um desequilíbrio entre as calorias ingeridas, através dos alimentos, e a quantidade de calorias gastas com exercício físico ou atividades quotidianas.
Ou seja, quando um balanço energético positivo persiste por um longo período, o peso aumenta e a obesidade desenvolve-se. Uma alimentação saudável e atividade física regular ajudam a manter um peso saudável.
Esta doença constitui um problema de saúde pública, tanto em Portugal, como no mundo, e representa um importante fator de risco para o desenvolvimento e agravamento de outras doenças crónicas.
Excesso de peso e obesidade em Portugal
Segundo o Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física (IAN-AF), 2016, a pré-obesidade atinge 34,8% da população portuguesa e a obesidade está presente em 22,3% dos portugueses. Figura 1. Prevalência de pré-obesidade e obesidade em Portugal, 2015-2016. Fonte: Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física, 2015-2016.
Quando analisadas as prevalências de obesidade e pré-obesidade relativamente ao nível de escolaridade, verifica-se que estas são sempre superiores nos indivíduos menos escolarizados. As regiões com maior prevalência de obesidade são a região autónoma dos Açores (30,4%), seguida do Alentejo (28,2%), área metropolitana de Lisboa (22,5%), Madeira (22,3%), Norte (22%), Centro (20,1%) e Algarve (19,2%). Relativamente à pré-obesidade a região Norte é a que apresenta maior prevalência (36,6%), seguida do Algarve (36,3%), Centro (36,2%), Madeira (35,9%), Alentejo (35,2%), região autónoma dos Açores (31,2%) e área metropolitana de Lisboa (31,1%).
Um sistema europeu de vigilância nutricional infantil
A obesidade infantil em Portugal – Dados do COSI (Childhood Obesity Surveillance Initiative)
O Childhood Obesity Surveillance Initiative (COSI)/World Health Organization Regional Office for Europe é um sistema europeu de vigilância nutricional infantil que produz dados comparáveis entre países da Europa e que permite a monitorização da obesidade infantil a cada 2-3 anos, apresentando-se atualmente como o maior estudo europeu da OMS com mais de 300 000 crianças participantes.
Em 2022, cerca de 31,9% e 13,5% das crianças portuguesas entre os 6 e os 8 anos apresentavam excesso de peso (incluindo obesidade) e obesidade, respetivamente.
Figura 2: Prevalência de excesso de peso (incluindo obesidade) infantil por região de Portugal, 2022. Fonte: Childhood Obesity Surveillance Initiative, 2022
Em 2022, ao contrário do verificado, em Portugal, entre 2008 e 2019, denota-se um aumento da prevalência de excesso de peso e obesidade infantil (figura 3). De 2008 para 2019, verificou-se uma redução de 22% tanto na prevalência de excesso de peso infantil (37,9% para 29,6%), como na obesidade infantil (15,3% para 12,0%), ao passo que entre 2019 e 2022 se observa um aumento de 7% na prevalência de excesso de peso infantil (de 29,7% para 31,9%) e de 12% na prevalência de obesidade infantil (de 11,9% para 13,5%).
Figura 3: revalência de excesso de peso (incluindo obesidade) infantil por região de Portugal, 2022. Fonte: Childhood Obesity Surveillance Initiative, 2022
O estado nutricional dos idosos portugueses
O Projeto Nutrition UP 65 permitiu melhorar o conhecimento sobre o estado nutricional e em particular sobre a desnutrição, obesidade, sarcopenia, vitamina D e hidratação dos idosos portugueses. Os dados recolhidos providenciarão evidência para o desenvolvimento de programas educativos destinados a pessoas idosas e formação avançada, multidisciplinar e aplicada em nutrição.
Figura 4. Estado Nutricional dos idosos em Portugal.
Dos resultados do Projeto Nutrition UP 65 destacam-se os seguintes:
- 14,8% dos indivíduos apresentavam risco de desnutrição, e 1,3% estavam, efetivamente, desnutridos. Os restantes 83,9% não apresentavam desnutrição ou risco desta;
- 44,3% e 38,6%, respetivamente, apresentavam excesso de peso ou obesidade, enquanto 0,2% se enquadravam na categoria de baixo peso;
- 11,2% dos idosos apresentavam sarcopenia e 1,2% pré-sarcopenia;
- 3 em cada 4 indivíduos apresentavam fragilidade (21,5%) ou pré-fragilidade (54,3%);
- Menos de 1/3 dos participantes tinham um estado de vitamina D adequado (31%), existindo 40% com deficiência e 29% com estado inadequado desta vitamina;
- 16,3% estavam hipohidratados ou em risco de hipohidratação;
- 84,9% dos idosos ultrapassavam o consumo máximo recomendado de sal (5g/dia).